Meio Ambiente

Na Semana do Meio Ambiente, cuidados para combater o aquecimento global

5 de junho de 2018

    Cena do filme "Aracati", que vai ser exibido no Fica a partir de amanhã (Foto: Eraldo Peres/Photo Agência)       Não consegui ver as cenas da baleia morrendo entalada com 80 sacolas plásticas na Tailândia. Como sabem aqueles que me seguem neste espaço, creio que bichos também sentem dor, medo, se emocionam…. Ver artigo

 

 

Cena do filme "Aracati", que vai ser exibido no Fica a partir de amanhã (Foto: Eraldo Peres/Photo Agência)

Cena do filme "Aracati", que vai ser exibido no Fica a partir de amanhã (Foto: Eraldo Peres/Photo Agência)
 
 
 
Não consegui ver as cenas da baleia morrendo entalada com 80 sacolas plásticas na Tailândia. Como sabem aqueles que me seguem neste espaço, creio que bichos também sentem dor, medo, se emocionam. E, como são vulneráveis e sabem “apenas” viver do jeito mais natural possível, acabam sendo enredados facilmente nas armadilhas que os humanos lhes pregam.
 
Jogar bolsas plásticas no mar, ou não botar o lixo no lugar certo, nem se preocupar muito com isso, faz parte de uma prática. Fazemos isso ou, mesmo quando não fazemos, elegemos administradores que não priorizam a questão ambiental, muito menos o lixo. E vida que segue. Até que um dia, pouco antes do Dia Mundial do Meio Ambiente, somos emparedados com uma cena dessas. Uma espécie linda, que também é importante para nos manter vivos aqui no planeta, é morta de forma cruel e sofrida por causa de nossa total irresponsabilidade. É duro.
 
Reproduzo aqui o comentário do professor José Eli da Veiga em seu último texto publicado no jornal “Valor Econômico” do dia 30 de maio:
 
“O mundo já está saturado com bilhões de toneladas anuais de detritos, dos quais grande parte vai diretamente para os oceanos, drama sobre o qual mesmo sociedades bem avançadas dão péssimo exemplo. Basta dizer que cada habitante dos EUA já produz mais do que 700 quilos de lixo por ano”.
 
Mas amanhã é o Dia Mundial do Meio Ambiente, e eu deveria estar escrevendo aqui sobre boas práticas, deveria estar elencando projetos bem-sucedidos pelo bem da natureza que nos cerca. Confesso que não tenho ânimo para isso, mesmo sabendo que são muitas as pessoas que conseguem driblar o sistema e vivem de maneira a impactar cada vez menos o meio ambiente. Mesmo sabendo que há indústrias preocupadas com a sujeira que causam e que já têm reduzido sua pegada.
 
José Eli me ajuda a dar uma pausa nas projeções pessimistas quando cita “uns vinte sinais encorajadores” de que a humanidade está começando a acordar e a tentar mudar o paradigma atual. Um relatório chamado "Modos de vida e práticas ambientais dos franceses", do Comissariado Geral do Desenvolvimento Sustentável, órgão do Ministério da Transição Ecológica e Solidária, mostra que “a triagem de vidros, papéis e embalagens está sendo feita regularmente por 85% dos habitantes da França; que 81% deles estão, sistematicamente, apagando a luz ao deixar um cômodo e que mais de 40% estão evitando o uso do carro individual , enquanto outros 40% se mostram dispostos a pagar mais por energia menos suja”.
 
Tudo isso é ótimo, mas ainda vemos uma baleia morta depois de tanto ingerir sacos plásticos.
 
Tudo isso é ótimo, mas ainda temos um rio, dos mais importantes aqui no Rio de Janeiro, o Rio Paraíba do Sul – de cujas águas dependem 90% do abastecimento da cidade – que está poluído, e muito, por falta de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais por onde ele passa. Aprendi isso quando assisti, em cabine de imprensa na semana passada, ao documentário “Caminho do Mar” (https://www.youtube.com/watch?v=MM1TXVSHcps), de Beto Abrantes. O filme entra em cartaz no Rio e em São Paulo nesta quinta-feira, dia 7.
 
Treze milhões de pessoas se abastecem das águas do Rio Paraíba do Sul, que tem 1.150 quilômetros e é ladeado pelas Serras do Mar e da Mantiqueira. É importante também culturalmente para vários lugares por onde passa. É por ele que a imagem de Nossa Senhora da Aparecida é conduzida na festa da padroeira do Brasil.
 
“Mas se Deus e Nossa Senhora não cuidarem, não teremos mais água nem para fazer a procissão. Tem que desassorear, um trabalho que exige vontade, e ninguém faz. Hoje já não temos no Paraíba nem 30% da água que tínhamos há 30 anos”, diz um pescador entrevistado pelas câmeras do documentário.
 
Caminhando um pouco mais à frente, o Paraíba teve a má sorte de virar, praticamente, o quintal da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda. Ali o ar puro é raro, diz um personagem. Mas, pior ainda do que isso, segundo dados do Comitê da Bacia Hidrográfica do Médio Paraíba do Sul, estima-se que os municípios do Sul do Estado sejam responsáveis por despejar aproximadamente 124 milhões de litros de esgoto in natura por dia na foz do Paraíba do Sul ou em seus afluentes .
 
Cidade mais populosa da região, Volta Redonda encabeça a lista, com 37 milhões de litros, seguida por Barra Mansa, responsável por 25 milhões de litros.
 
O Paraíba do Sul tinha uma dinâmica de cheia e vazante que já não tem mais porque é um rio controlado por quatro barragens.
 
“Hoje tem que marcar hora para sair de barco por causa da maré, mas antes não era assim, tinha água à vontade o tempo todo. Já imaginou como vai ser quando baixar ainda mais a água”? pergunta-se um construtor naval, outro entrevistado no documentário.
 
“Caminho do Mar” entra em cartaz na semana do Fica – Festival Internacional de Cinema ambiental – que acontece em Goiânia a partir de amanhã. É o vigésimo ano do festival e 22 filmes de nove países estarão concorrendo. Aqui do Brasil, nove estão no páreo.
 
Na minha caixa de correios há várias mensagens dando conta de eventos que comemoram a Semana do Meio Ambiente e, mais especificamente, o dia de amanhã. Pincei o que me foi enviado pelo pessoal do Instituto Akatu (www.akatu.org.br), uma organização não governamental criada em 2001 e que desde então vem trabalhando para tentar conscientizar a população da importância de se reduzir o consumo. Quando eu editava o “Razão Social” (suplemento do jornal O Globo sobre sustentabilidade), participei de algumas reuniões em que o Akatu apresentava pesquisas mostrando o grau de envolvimento da população com a causa do consumo consciente. Geralmente eu saía de lá frustrada com os resultados.
 
Seja como for, continuemos insistindo. O Akatu elegeu sete atitudes para o cidadão comum que quiser colaborar com o combate ao aquecimento global ao menos nesta Semana do Meio Ambiente. Vou reproduzir aqui, algumas delas podem inspirar os leitores mais resistentes.
 
“Na segunda-feira (hoje), reduza o consumo de carne; na terça, evite canudos e copos descartáveis (muitos deles vão parar no mar); na quarta-feira faça pequenos trechos a pé; na quinta-feira, cuide para não desperdiçar alimentos; na sexta-feira desligue as luzes dos cômodos quando sair deles; no sábado compre roupas de segunda mão e no domingo reduza a sua produção de lixo”.
 
E boa semana a todos!