PERCORRENDO O VELHO CHICO

Piaçabuçu

30 de setembro de 2020

    ROBÉRIO RAMOS GÓES tem o Brasil na palma da mão. Técnico em Aviônica pela Marinha, já cumpriu missões por todas as regiões brasileiras como a Amazônia, pelo Pantanal e pela Antártica.  Robério foi além: percorreu outras partes do mundo, especialmente na América do Sul. Aposentado, voltou com sua multiformação ao estado e cidade… Ver artigo

 

 

ROBÉRIO RAMOS GÓES tem o Brasil na palma da mão. Técnico em Aviônica pela Marinha, já cumpriu missões por todas as regiões brasileiras como a Amazônia, pelo Pantanal e pela Antártica.  Robério foi além: percorreu outras partes do mundo, especialmente na América do Sul. Aposentado, voltou com sua multiformação ao estado e cidade natal: Alagoas, Piaçabuçu, onde há 24 anos, criou uma empresa de ecoturismo. Com muita competência e determinação, Robério Góes complementa sua missão de servir participando ativamente com sua equipe de um profícuo empreendimento de turismo e educação ambiental.

 

Robério Góes pela sua agência ‘Farol da Foz Ecoturismo’ proporciona um dos mais belos passeios pelo litoral de Alagoas, em Piaçabuçu, na foz do rio São Francisco. A diversidade da região, as belezas naturais e a cultura tornam a visita ponto alto do turismo em Alagoas. Piaçabuçu está a 138,8 km de Maceió e o acesso é muito bom pela AL 101.

 
 
ROBÉRIO GÓES – Entrevista
 

Robério Góes faz do turismo uma alavanca para conscientizar visitantes pela preservação da natureza. “Educação ambiental tem que estar inserida em todas atividades humanas”, diz ele.

 

 

 
 
Folha do Meio – O que significa aviônica?
Robério Góes – O termo aviônica provém de AVIation electrONICS ou electrônica da aviação. A atividade inclui todos os sistemas de navegação e comunicação, como piloto automático e todos os controles de voo.
 
Folha do Meio – Ecoturismo já voltou ao normal pós-pandemia?
Robério – Não, acho que nenhuma atividade de turismo voltou ao normal. Mas espero que o ecoturismo possivelmente seja um dos primeiros segmentos a se normalizar, até porque há uma tendência das pessoas buscarem essa opção como uma necessidade de maior contato com a natureza, longe de aglomerações e maior privacidade.
 
Folha do Meio – Depois de rodar o Brasil, estabeleceu-se em Piaçabuçu. Como você vê o ecoturismo no Brasil?
Robério – Olha, eu vejo o ecoturismo no Brasil como muito incipiente ainda justamente pelo potencial que o Brasil tem. Muitos países, com muito menos potencial, fazem do ecoturismo um empreendimento mais forte e abrangente. Além das belezas naturais, o Brasil tem muita história, muita cultura e muito artesanato para mostrar e encantar.
 
Folha do Meio – Qual a relação que você vê entre ecoturismo e educação ambiental? Como um complementa o outro?
Robério – São duas atividades que devem caminhar juntas. Estão intimamente ligadas. A educação ambiental ajuda a conscientizar, ela desperta para a atividade junto à natureza. Já a prática do ecoturismo consolida a informação que se recebe no ambiente escolar e contribui de uma forma muito significativa para que se possa desenvolver uma relação respeitosa e prazerosa com o ambiente visitado. A pessoa conhece e aprende a preservar a natureza.
 

 

O passeio de ‘buggy’ pelas dunas é importante para entender melhor o que é a Foz do Rio São Francisco. Técnicos explicam o ecossistema da região.

 

 

 
Folha do Meio – Piaçabuçu há 24 anos e hoje?
Robério – Mudou muito. Piaçabuçu há 24 anos era muito desconhecido, mesmo você tendo a foz do rio São Francisco as pessoas não se davam conta disso e ocupava um espaço muito pequeno no contexto do turismo nacional. Hoje, depois e graças à facilidade e acesso a informação e também ao próprio destaque do ecoturismo no cenário nacional, Piaçabuçu conquistou um espaço maior. Temos muita gente aqui vivendo, produzindo renda e dando emprego com o turismo.  Quantas vezes fui chamado de doido por vender passeios pelas dunas e suas áreas de influência na foz do Velho Chico. Quando criei esta rota de ‘buggy’ pelas dunas, as pessoas me diziam: “como alguém pode pagar para caminhar na areia ou no mato seguindo aquele doido?” Mas para entender bem o rio São Francisco e sua foz temos que conhecer este ecossistema único e maravilhoso.
 
Folha do Meio – Ecoturismo no Brasil precisa de algum incentivo?
Robério – Sim, apesar de termos no Brasil uma associação como a ABETA – Associação Brasileira de Turismo de Aventura, que tem como foco fazer com que o Ecoturismo e o Turismo de Aventura sejam o carro chefe do segmento e possa colocar o Brasil no lugar que merece. A gente ainda é muito incipiente. É muito amador. Para se ter uma ideia, nós temos mais de 14 mil empresas cadastradas e apenas 100 empresas são associadas a ABETA. Isso mostra a falta de visão do próprio operador de ecoturismo que não se associa, não se capacita, não se qualifica, para que possa prestar um serviço de melhor qualidade e assim projetar melhor o Brasil. 
Mas já temos ações que têm sinalizado uma mudança muito boa para o futuro. O governo tem hoje uma Secretaria Nacional de Ecoturismo e isso já ajuda mobilizar e aperfeiçoar o segmento. 
 
Folha do Meio – E sua empresa “Farol da Foz Ecoturismo” está confiante?
Robério – Muito! Já operamos há 24 anos aqui. Somos pioneiros na foz do rio São Francisco, temos aqui os únicos três condutores certificados pela ABETA Nacional operando nessa região. Nós temos feito um esforço grande, não só para tornar o destino Piaçabuçu e a foz do rio São Francisco conhecidos para ganhar mais destaque no cenário nacional. O potencial de Alagoas é muito grande. A Roda dos Corais é algo fantástico e exclusivo do litoral brasileiro. Mas há muito a evoluir. Ecoturismo tem que ser valorizado e muito bem administrado. Não é turismo de massa. É um tipo de atividade para dar prazer, dar conhecimento, educar, trocar experiências culturais e, sobretudo, preservar. Estamos no caminho certo. Vamos chegar lá.
 
Folha do Meio – Qual a região do Brasil que tem mais visitantes na foz do rio São Francisco?
Robério – Antes da pandemia, a nossa estatística mostrava que cerca de 70% dos nossos clientes vêm de São Paulo, depois vem os mineiros com cerca de 12%. O restante é mesmo dos outros estados. Agora, na pós-pandemia, a gente não tem ainda uma estatística. Por enquanto, percebemos uma certa mudança no perfil dos visitantes. O destaque – talvez pela dificuldade de locomoção – é para turistas aqui mesmo do Nordeste pela facilidade da viagem de carro.