dia internacional da mulher

Se todo dia fosse da mulher, não precisaríamos dessa data

8 de março de 2021

        Nos idos de 1908 registrou-se a primeira celebração do “dia da mulher”, organizado pela Federação Autônoma da Mulher. Goste você ou não, a data só existe em razão do movimento de mulheres socialistas, que ganhou força através de manifestos, mortes, incêndios, greves e muito sofrimento. Embora ambicionasse pão e paz, as… Ver artigo

Mônica Ribeiro

 

 

 

 

Nos idos de 1908 registrou-se a primeira celebração do “dia da mulher”, organizado pela Federação Autônoma da Mulher. Goste você ou não, a data só existe em razão do movimento de mulheres socialistas, que ganhou força através de manifestos, mortes, incêndios, greves e muito sofrimento. Embora ambicionasse pão e paz, as conquistas estiveram longe de pacíficas e a atual celebração com flores e mensagens fofas têm perdido espaço para reivindicações por direitos.

Flores, cartões, chocolates, homenagens e outros presentes são muito bem-vindos, se precedidos de respeito. O reconhecimento, o lugar de fala, o emprego, o salário, a liberdade e a ausência de medo no discurso são premissas que ainda dependem do apoio de homens que estão no poder, para garantir esses espaços conquistados em duras batalhas.

Com tantos direitos solapados, a paciência encurtou com promessas demais e garantias de menos: tudo isso diante de uma vida sobrecarregada pela responsabilidade do cuidado doméstico e familiar. Às mulheres é atribuída além das obrigações da casa, os cuidados com ascendentes e descendentes, o que gera dupla e tripla jornada de trabalho, sendo este último não remunerado.

A quem interessa nos distrair com flores e chocolates, enquanto mais um projeto de lei que controla nossos corpos é aprovado? No dia da celebração do dia internacional da mulher, que se possamos organizar e comemorar a conquista de direitos trabalhistas; a segurança para andar livremente nas ruas; autonomia dos nossos corpos; reconhecimento e regulação do trabalho doméstico; igualdade salarial.

Celebremos essa data, gerando um marco de promulgação de lei a cada 8 de março e políticas públicas que forneçam subsídios para que essas mulheres cujas vidas são celebradas tenham suporte para criar seus filhos, cuidar da sua saúde e gerir suas famílias. Para 2022, temos 365 dias de planejamento para novos projetos de lei que nos garantam o que tanto nos desejam da boca pra fora: liberdade e respeito.